Amazônia é berço de frutas nativas de alto potencial comercial
"O Brasil é o segundo grande centro de origem de espécies frutíferas tropicais, atrás apenas do Sudeste Asiático. Na Amazônia Brasileira concentram-se 44% das 500 espécies de frutas nativas do País. Estudos mencionam a existência de 220 plantas produtoras de frutos comestíveis na região, mas ainda são poucas as domesticadas, vindo a maioria do extrativismo", situa Urano de Carvalho, que, em seu artigo "Frutas da Amazônia na era das novas culturas", de 2012, enfoca a importância de frutíferas amazônicas e detalha suas perspectivas futuras, intercalando dados recentes com curiosidades históricas.
"A Amazônia é o último reduto de plantas potenciais à espera da domesticação e nossa vantagem é podermos no presente assistir, protagonizar e registrar esse processo bem de perto, passo a passo. Frutas exóticas, que vieram de fora, como maçã e laranja, estão sendo transformadas há séculos, num processo contínuo cuja memória inicial se perdeu no tempo. A humanidade começou a domesticar plantas há dez mil anos, enquanto a história da domesticação das frutas amazônicas nem bem começou a ser escrita", constata o pesquisador Alfredo Kingo Oyama Homma, também da Embrapa Amazônia Oriental.
Homma é editor técnico do livro Extrativismo vegetal na Amazônia - história, ecologia, economia e domesticação. A obra, lançada em 2015, é uma coletânea de trabalhos resultantes de pesquisas sobre produtos extrativos desenvolvidas nos últimos 20 anos. Esse é justamente o período em que o crescimento do mercado de frutas regionais se acelerou, sacudindo os atores das cadeias produtivas, entre eles produtores, pesquisadores e comerciantes, obrigando-os a procurar soluções capazes de suprir a demanda durante o ano todo, não só na safra, potencializada pelo avanço de técnicas de beneficiamento e congelamento de alimentos.
Algumas frutas nativas da Amazônia, por outro lado, são há muito cultivadas em larga escala, como abacaxi (Ananas comosus L.), cacau (Theobroma cacao L.), caju (Anacardium occidentale L.) e maracujá (Passiflora edulis Sims). Com o progresso da agronomia e da engenharia genética, é possível abreviar o processo de domesticação, mas, conforme Homma salienta, um tempo mínimo de cinco a dez anos, mais até, é necessário para se efetuar a seleção de uma planta adequada, fixando a parte útil que interessa para ser comercializada, a exemplo das características superiores de resistência a doenças, maior produtividade, adaptação ao ambiente, qualidade final do produto e maior longevidade.
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