Lula é maravilhoso. Bolsonaro é maravilhoso. O lixo sou eu
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, é o que dizem os livros sagrados. Como nunca me encontrei com Deus, no sentido físico do verbo, não posso nem concordar nem discordar, mas posso, no mínimo, duvidar: o Criador do universo não teria como assumir uma forma biológica única. Mas, enfim, crenças não foram feitas para serem discutidas; apenas respeitadas. Vamos ao que interessa.
O Brasil é monoteísta, o que vale dizer, a maioria absoluta da população acredita em Deus; em apenas um deus. Mas boa parte do povo precisa mais do que uma crença religiosa para encontrar esperança em dias melhores: precisa de mitos, de santos, de mártires. Precisa de gente de carne e osso para ser elevada à divindade redentora na Terra. Precisa de um Pai. E de um pai! De um deus mundano e real.
Uma boa parcela de brasileiros resolveu ter, como seu deus, o ex-tudo (ex-presidente, ex-presidiário, ex-corrupto, ex-lavador de dinheiro) Lula da Silva. E por mais que a realidade mostre que o meliante de São Bernardo é apenas um humano que cultiva pecados capitais ― luxúria, preguiça, ira, soberba ― e descumpre ao menos seis dos dez mandamentos, ajoelha-se em busca do pai ausente.
Já outra grande parcela, igualmente órfã de pais (Pai e pai), elegeu o verdugo do Planalto, Jair Bolsonaro, a representação terrena do Senhor salvador. E pouco lhes importa a confrontação com a verdade: rachadinhas, centrão, negacionismo, charlatanismo, psicopatia, milicianos, mansões, micheques. Ou mesmo os pecados (capitais) e o desrespeito às leis (divinas e humanas). Deuses não falham.
O Brasil é o Paraíso. Está tudo divinamente bem, na perfeita santa paz. Nada nos falta. Nossos deuses nos deram segurança, saúde, educação, bem-estar e desenvolvimento. Lula e Bolsonaro, ao contrário do que parecem, são seres divinos, dotados de extremo saber, amor ao próximo e honestidade inabalável. O demônio é que, ilusionista maléfico, nos faz perceber ― e sentir! ― tudo ao contrário.
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