Oriente Médio: Região Estratégica para as exportações brasileiras
Durante o governo Lula, o Brasil buscou expandir sua agenda de relações externas, dotando a política externa brasileira de um forte viés multilateralista, com uma atuação constante da diplomacia brasileira em fóruns multilaterais de debate diversos em diferentes pautas.
No escopo dessa atuação mais assertiva da política externa brasileira, veio também a diversificação da pauta de países com quem o Brasil tradicionalmente cultivava relações.
Até então, o Brasil havia privilegiado relações em uma lógica que se assentava no eixo Norte-Sul, ou seja, o foco de atenção do Brasil em diversos âmbitos (econômico, comercial, político) se encontrava no Hemisfério Norte, em especial Estados Unidos e Europa (HAFFNER, 2012)
Com essa guinada da política externa Brasileira, o privilégio de relações passou a se basear em uma lógica sul-sul, ou seja, o Brasil passou a buscar parceiros em regiões diversas e muitas vezes não tão tradicionais a linha de atuação brasileira (HAFFNER, 2012).
A terminologia Sul-Sul se encaixa em dois âmbitos, tanto em um aspecto geográfico de fato, ou seja, atenção maior a países que se encontravam no Hemisfério Sul, tanto quanto se encaixa em um âmbito de identificação mútua de países que se encontram em desenvolvimento e não estão inseridos no conjunto das primeiras economias.
Como pontua o professor Danny Zahreddine, chefe do Departamento de Relações Internacionais da PUC Minas:
Ao longo dos anos os frutos essa reaproximação refletiu-se amplamente no intercâmbio comercial do Brasil com os países do Oriente Médio, com um crescimento gradativo das trocas comerciais e estabelecimento de vínculos econômicos.
Relações estas, que se mostraram resilientes mesmo frente a momentos de incertezas e turbulências, como a Primavera Árabe e a transição política brasileira decorrente do processo de impeachment da última presidente.
Pode-se visualizar esse caráter produtivo dessas relações através do crescimento comercial a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC):
Os principais parceiros comercias do Brasil no Oriente Médio no ano de 2016, em relação às exportações segundo dados do MDIC, foram:
Arábia Saudita (25%)* US$ 2,49 bilhões*
Alguns exemplos dos produtos exportados: Carne de frango (46%), açúcar (14%), soja (6%), carne bovina (4,4%), milho (4,3%), Automóveis de passageiros (4,2%), Munição de caça e esporte (2,6%), tubos de ferro fundido, ferro, aço e acessórios (2,1%).
Emirados Árabes Unidos (22%) US$ 2,24 bilhões*
Alguns exemplos dos produtos exportados: Carnes de frango (21%), açúcar refinado (16%), óxidos e hidróxidos de alumínio (11%), Tubos de ferro fundido, ferro, aço e acessórios (7,3%), carne de bovino (3,4%), calçados (0,74%).
Irã (22%) US$ 2,23 bilhões*
Alguns exemplos dos produtos exportados:
Milho em grãos (36%), soja (21%), carne de bovino (17%), resíduos de óleo de soja (11%), açúcar (9,2%), chassis com motor para veículos e automóveis (3,2%), veículos de carga (0,15%), suco de laranja (0,12%).
Além do destaque setor do agronegócio nas exportações para o Oriente Médio, outro setor que tem apresentado um crescimento gradativo nas trocas comerciais é o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
Segundo dados da Associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior (ABRACOMEX), no ano de 2016, 25 empresas brasileiras de cosméticos e produtos de beleza participaram da 21ª Edição da Beautyworld Middl Middle East, e ao longo de três dias de eventos (15-17 de maio), alcançaram mais US$ 2,6 milhões em negócios fechados. (ABRCOMEX).
O caráter universalista da política externa brasileira, isto é, o aumento dos contatos internacionais, principalmente no âmbito comercial e político, em detrimento de uma política voltada para uma única região ou um grupo menor de atores internacionais. Esse tipo de ação resultou no aumento dos parceiros comerciais nas mais diversas regiões do mundo, inclusive com os países árabes e os demais países do Oriente Médio (ZAHREDDINE)
A preocupação era diversificar a pauta comercial internacional brasileira a partir da abertura de novos mercados, dentre essas regiões destacou-se o Oriente Médio.
Até então o ápice de maior estreitamento de relações entre o Brasil e essa região, havia acontecido ainda sob o regime militar, nas décadas de 1970 e 1980 (HAFFNER, 2012).
Como fica evidente abaixo, o Brasil possui representações diplomáticas em quase a totalidade do Oriente Médio:
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